sexta-feira, 25 de junho de 2010

A propriedade do dom...


Foi para não dormir com uma pergunta na cabeça que cai na besteira de digitar www.google.com.br , e fazer uma primeira busca despropositada da palavra DOM. Precedente a esta curiosidade, ouvi a pergunta da minha mulher, feita em estado sonolento-quase-sonâmbulo enquanto na TV, uma seqüência de videoclips do Michel Jackson passava em lembrança da sua morte.

ZZZzzzzzz...O que será que acontece com as pessoas famosas depois que morrem..ZZzzZZz??”.

Rapidamente percebemos que a pergunta não era bem essa, precisávamos qualificar a questão, pois não se tratava do destino espiritual de “qualquer” famoso, afinal a prerrogativa da fama não é a mesma pra todos. Elis Regina e Joelma são bons exemplos para bordas opostas neste abismo.

A inesperada análise metafísica, surgida antes da contagem dos 15minutos da função “sleep” da TV, era sobre a caminhada póstuma de alguém que possuí um talento, ou, no adjetivo de melhor sonoridade, alguém que possui um DOM.

E a divagação continuou (mesmo com ela já de olhos fechados), sobre se existe de fato a reencarnação da alma, como seria você voltar ao mundo e ainda ser contemporâneo da sua própria criação. Sentir os impactos e influências dos frutos da sua pré-existência.

Repare na complexidade de assistir o clip "Billy Jean" estando com sono.

Mas vamos ao esperado momento do exemplo: Imaginem que o espírito Heinrich Hertz, o alemão que descobriu em 1887 que a eletricidade podia viajar pela atmosfera em forma de ondas, pode estar por ai utilizando celular, rádio, televisão, e demais parafernalhas eletrônicas que transmitem dados sem fio. Seria ele um mero usuário? Seria ele um pesquisador e aperfeiçoador da sua própria obra?

Para não perder o foco, peço atentar que não estamos falando da obra, mas sim do DOM que permitiu a criação da mesma. Então vamos a ele, o DOM

Se pudesse acordar minha mulher agora, já teria a pergunta reformulada para apresentar:

ZZZzz... Será que nossos dons nos acompanham quando morremos....zzzZZZzzzzZ??”

Tanto era uma bela pergunta, que abri mão de dormir, não para respondê-la, mas sim ampliá-la.

Voltando ao Google, no primeiro resultado “estou com sorte” da pesquisa da palavra DOM, recebi uma resposta sob uma ótica espiritual. Ortodoxa, mas espiritual:

(...) Os nossos dons espirituais, ainda que sejam diferentes uns dos outros, são todos úteis para que juntos possamos trabalhar para servir a obra de Deus e uns aos outros.

Romanos 12:4-5: “Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros.”

Os dons espirituais vêm de Deus para uma finalidade especial:

Coríntios 12:4-6 “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.”

Quais são alguns dos dons espirituais?

Coríntios 12:8-11 “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; a outro a operação de milagres; a outro a profecia; a outro o dom de discernir espíritos; a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer.” (...)

Bom começo para quem procurava entender se temos a propriedade de nossos dons. Agora já posso arriscar devaneios indagando se o dom pertence a Deus ou a nós. Seria o dom uma qualidade inerente ao espírito de cada um? ou uma ferramenta para cumprir a missão da existência?

Estou convicto que cada talento tem a sua tarefa. Seja ela de encantar o mundo cantando, ou na arte de sobreviver sem o mínimo de recursos ou civilidade. Tudo é dom, um dom para cada obra. Atingindo infinitas outras almas, ou apenas a sua própria. Mas no fim, são as mesmas almas que a carta de Coríntios afirmou ser uma única. Não é a toa que Deus é “onipresente”, pois ele não somente está em tudo como é absolutamente tudo. Não somos um, somos todos. “Nós” não temos nada, mas “todos” têm tudo.

É isso, o DOM não é nosso. É de todos. Não negue nem ignore seus dons, pois eles te perseguirão e não te negarão. Não os levaremos daqui para lugar nenhum. Por isso, não tome pra si seus dons, pois se eles não cumprirem sua missão na existência dos outros, deixarão de ser dom para ser apenas uma tarefa não cumprida.

É com a certeza de que daqui não levamos nada, que digo: - Se o espírito de Michael voltar a este mundo num futuro distante, poderá ouvir tranquilamente sua própria música, enquanto varre feliz alguma calçada durante seu expediente de trabalho.

Giovani Zanon.

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