
Quando o tempo que passa, passa a não ter mais tanta importância. Quando o tempo que se sente, sente que não teme mais a mudança.
Eis que num suspiro mais longo, se faz de longevo o que já jazia. Eis que de um incomodado calor intenso, se fez o sopro da brisa.
Esta meia estação me embriaga. O calor me da ânsia por qualquer coisa que não seja ficar sem ter nada pra fazer, enquanto a paciência age para que tudo não passe de um calor conformado. Se não fosse uma coisa tão estúpida e burra, talvez uma tragada do cigarro fosse o acabamento da obra, mas no lugar dele, apenas a ligeira e momentânea sensação de alivio pelos 29 graus soprando sem fôlego.
Como grama que seca ao sol sem chuva, os pensamentos práticos se vão em rumores de escassez, cada dia um pouco mais. A legítima progressão aritmética da atrofia. Se reparar ouvir sons que não os de perto, perceberia o quão pouco está contribuindo para o barulho do mundo. Liga o rádio. Momento de dúvida. Fracasso. Na intenção de lavrar poderes ao locutor para que ele pensasse por procuração, barrou-se na necessidade de sintonizar. Cerrou-se na incapacidade de escolher uma estação.
28 graus entram pela janela da frente, conduzindo ao altar sua herdeira. É uso a inquietação e ligeiro murmúrio na marcha nupcial. Logo tudo se queda. Com todos os bocejos presentes, o silêncio absoluto contempla o casamento da brisa com a preguiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário