sábado, 24 de setembro de 2011

O que as estrelas escrevem...



Desde as pedras fundamentais de Asuramaya, esta traçado que todos irão contribuir para o desdobramento da trama da temporalidade.  E de cada imagem primordial, cunhar uma fração na matriz de imaterialidade que se perpetuará...

Repetir a experiência que deverá ser repetida, e repetida, e repetida, e repetida. E aperfeiçoada, e aperfeiçoada, e aperfeiçoada.  E contemplada e contemplada. E vivida. Imperativa sendo a proporção de quatro para três, três para dois, dois para um.

Arquétipo a arquétipo, a arquitetura suprema do Supremo Arquiteto da existência vai sendo conduzida. Tão resignada a desígnios, quanto detestariam os que pensam reger ou dominar a “Si Mesmo”.


E por assim serem, anteriores e mais abrangentes que a consciência do ego, é que mantém os rumos de tudo e todos atraídos e amarrados ao destino final... Se destino é sentença, é também pedra. Se destino é ciclo, é também vácuo.

A cada ponto Vernal, a leitura de um novo capitŭlum desta escrita. Eis que partimos do mesmo ponto da curva, eis que partimos do mesmo sopro de Antares, a mando de Artêmis,  para eliminar o caçador.

Pelas mãos do Grande Arquiteto veio ao Universo.

Pela rotação do Universo veio para minhas mãos.

De minhas mãos ascenderá ao Universo.

Lá acenderá a próxima luz que manterá a minha própria sombra acessa até quando eras houverem. 

Traço de mim que traçará por si só e pelo próximo.

Eco de mim que ecoará mais alto e abrirá mais uma oitava.

Ressonância do infinito até a última poeira cósmica que restar do amor.

Minha filha.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Certidão de nascimento de uma revolução



Entre o período colonial e Império, os mandatários Portugueses conseguiram abafar diversos movimentos conspiratórios revolucionários no Brasil. Precisamente, foram 32 conflitos que as tropas portuguesas - e posteriormente imperiais - precisaram combater nos mais distantes rincões do Brasil. Do Maranhão até a Cisplatina. Do Rio de Janeiro até as Minas Gerais.  Não fosse o Império ter saído vencedor destas peleias, talvez hoje o Brasil fosse um aglomerado de países menores sem expressão, sem unidade, sem força política, tal qual acontece no restante do mapa da América do Sul. Antes que me acusem de bairrista nas próximas linhas, que fique claro que sou um dos que festeja o êxito que o os imperadores lograram em todas estas campanhas, pois isto permitiu que o Brasil mantivesse suas dimensões continentais e  com isto se tornar o país que é hoje.

Destas 32 revoluções, apenas duas são mais lembradas. Uma é a Inconfidência Mineira, que como próprio nome diz, houve uma IN-confidência de alguns delatores que acabaram com o movimento antes mesmo dele eclodir. Por ironia, este fracassado acontecimento virou feriado nacional, e um dos seus conspiradores, um mártir nacional (Tiradentes). Mas pela pobre contribuição que teve em uma efetiva mudança da história do país, para mim, não deveria ser nem ser feriado estadual em Minas Gerais (quem dirá no país inteiro).

A outra foi tramada por alguns caudilhos, lideranças militares e políticas,  contra a tirania e exploração do Império.  Contou histórias extraordinárias, teve batalhas épicas, e foi a guerra civil mais longa de toda história política do Brasil. O desfecho não contou com a criação de uma nova república como queriam os revolucionários, mas deixou o caminho aberto e traçado para que o Brasil se tornasse República alguns anos mais tarde. Esta segunda chamou-se REVOLUÇÃO FARROUPILHA e é festejada apenas no Rio Grande do Sul, onde se comemora o feriado no próximo dia 20 de setembro.  Para o resto dos brasileiros, ela soa apenas como um apego bairrista, mas esta sim, deveria ser comemorada com feriado nacional por todos brasileiros que muito puderam sonhar com um país livre e democrático, a partir dos ideais Farroupilhas.

Abaixo, transcrevo a “certidão de nascimento” deste movimento. O documento é um balaústre, espécie de “ata” de uma reunião da então Loja Maçonica “Philantropia e Liberdade”:

                Extrato do Balaústre No 67 de 18 de setembro de 1835

Aos dezoito dias do mês de setembro de 1835 E:. V:. e 5835 V:. L:., reunidos em sua sede, sito à Rua da Igreja, nº 67, em lugar Claríssimo, Forte e Terrível aos tiranos, situado abaixo da abóbada celeste do Zenith, aos 30º sul e 5º de latitude da América Brasileira, ao Vale de Porto Alegre, Província de São Pedro do Rio Grande, nas dependências do Gabinete de Leituras onde funciona a Loj:. Maç:. Philantropia e Liberdade, com o fim de, especificamente, traçarem as metas finais para o início do movimento revolucionário com que seus integrantes pretendem resgatar os brios, os direitos e dignidade do povo Riograndense. A sessão foi aberta pelo Ven:. Mestre, Ir:. Bento Gonçalves da Silva. Registre-se, a bem da verdade, ainda as presenças dos IIr:. José Mariano de Mattos, ex- Ven:., José Gomes de Vasconcellos Jardim, Pedro Boticário, Vicente da Fontoura, Paulino da Fontoura, Antônio de Souza Neto e Domingos José de Almeida, o qual serviu como secretário e lavrou a presente ata. Logo de início o Ven:. Mestre, depois de tecer breves considerações sobre os motivos da presente reunião, de caráter extraordinário, informou a seus pares que o movimento estava prestes a ser desencadeado. A data escolhida é o dia vinte de setembro do corrente, isto é, depois de amanhã. Nesta data, todos nós, em nome do Rio Grande do Sul, nos levantaremos em luta contra o imperialismo que reina no país. Na ocasião, ficou acertada a tomada da capital da província pelas tropas dos IIr:. Vasconcellos Jardim e Onofre Pires, que deverão se deslocar desde a localidade de Pedras Brancas, quando avisados. Tanto Vasconcellos Jardim como Onofre Pires, ao serem informados, responderam que estariam a postos, aguardando o momento para agirem. Também se fez ouvir o nobre Ir:. Vicente da Fontoura, que sugeriu o máximo cuidado, pois certamente, o Presidente Braga seria avisado do movimento. O Tronco de Beneficência fez a sua circulação e rendeu a medalha cunhada de 421$000, contados pelo Ir:. Tes:. Pedro Boticário. Por proposição do Ir:. José Mariano de Mattos, o Tronco de Beneficência foi destinado à compra de uma Carta da Alforria de um escravo de meia idade, no valor de 350$000, proposta aceita por unanimidade. Foi realizada poderosa Cadeia de União, que pela justiça e grandeza da causa, pois em nome do povo Riograndense, lutariam pela Liberdade, Igualdade e Humanidade, pediam a força e a proteção do G:. A:. D:. U:. para todos os IIr:. e seus companheiros que iriam participar das contendas. Já eram altas horas da madrugada quando os trabalhos foram encerrados, afirmando o Ven:. Mestre que todos deveriam confiar nas LL:. do G:. A:. D:. U:. e, como ninguém mais quisesse fazer uso da palavra, foram encerrados os trabalhos, do que eu, Domingos José de Almeida, Secretário, tracei o presente Balaústre, a fim de que a história, através dos tempos, possa registrar que um grupo de maçons, homens livres e de bons costumes, empenhou-se com o risco da própria vida, em restabelecer o reconhecimento dos direitos desta abençoada terra, berço de grandes homens, localizada no extremo sul de nossa querida Pátria.

Oriente de Porto Alegre, aos dezoito dias do mês de setembro de 1835 da E:. V:., 18º dia do
sexto mês, Tirsi, da V:. L:. do ano de 5835.
Ir:. Domingos José de Almeida - Secretário